terça-feira, 27 de novembro de 2012

A nova vida escolar de um menino de 6 anos- parte 1: a escola inclusiva



No penúltimo capítulo da história escolar de Pedro eu havia dado um ultimato às escolas e decidido que era hora de brincar!

E ele brincou!

No último, narrei a saga que foi a busca pela nova escola. E, no início de janeiro, estava eu ainda em busca de alguma alteridade.

O ponto de partida seria, a partir de então, a mudança de paradigma, a troca das escolas mais sistematizadas, tecnológicas e “infra-estruturadas” por uma mais analógica, customizada, inclusiva, interacionista, capaz de lidar com a tal “hiperatividade de quadro”, ou seja, a que aparece em situações específicas, de tédio, de inconformismo, de questionamento das regras ou, como ouvi, de uma professora: nos “momentos em que a pessoa não consegue se conter nas próprias carnes!”
.
E a pergunta que ficou no ar durante este período em que me afastei é: será que a Ana Paula encontrou a escola para Pedro? Não a ideal, mas a mais adequada?

E a resposta é: sim e não.

Sim porque no auge do desassossego, e da desesperança, no momento em que achei que era o fim, quando eu já havia visitado todas as escolas que imaginava viáveis, cheguei à pequena escola de gente contente com o que faz, de pátio livre ainda disponível  ao 1º ano, de direção que acredita na tomada coletiva de decisões, de professoras que têm orgulho e amor pelo que fazem e, principalmente, de respeito à individualidade.

Nessa escola descobri que só conhecia o discurso do interacionismo, mas não a sua prática genuína, corajosa, paciente e libertadora. 

Essa escola encheu-me de esperanças. E é até um paradoxo um menino tão conectado, tão cientista ter ficado bem e feliz na escola menos tecnológica pela qual passou. Meu ritmo mudou também, e passei a considerar melhor o fato de que se “Einstein Teve Tempo Para Brincar”, seria preciso dar ao lúdico o lugar que ele merece na vida de uma criança, seja ela superdotada ou não.

E, foi tendo tempo para brincar, que Pedro, o menino que não queria mais voltar para a escola, encontrou espaço para um desempenho escolar ímpar nas diferentes matérias, o que confesso que me surpreendeu um pouco. Não pela sua capacidade, mas porque não imaginava que fizesse as pazes com a escola em menos de um mês! E confesso mais uma coisa: eu levei um tempo maior para me recuperar e passei pelo menos uns seis meses aguardando o telefone tocar com alguma reclamação da escola (Um pouco de neurose faz parte da vida, pessoal!).

É claro que há comportamentos de Pedro que precisam, ainda, de modulação, como a impaciência e o choro, mas a grande importância da nova escola, a que chamo de “Escola Inclusão de Verdade” é ter a maturidade de dar tempo ao tempo.

Bem, mas qual é o lado do não nessa história toda? O não está no fato de que durante este ano a superdotação ficou de lado e ele muitas vezes me questionou: achava o conteúdo escolar muito fácill. Pedro pediu mais- mais conteúdo, mais informação. Um exemplo: há alguns dias perguntei se queria revisar a matéria para a prova, e ele me respondeu que não. Insisti, mesmo sabendo que ele nunca revisou, e comecei a ler a matéria. Mal comecei  a ler ele me interrompeu dizendo: “Mãe, as professoras devem achar que tenho um ano de idade, já sei isso (placas de trânsito) desde que era bebê!”

A diferença do passado é a tranquilidade com que diz isso, e acho que não é conformismo não. Já expliquei para  ele que a partir do segundo ano a escola, que tem turmas pequenas, estará cada vez mais focada em mediar  a aprendizagem de forma personalizada. E isto foi o que ouvi da escola numa conversa tranquila e construtiva.

E, sendo assim, o próximo ano promete e acho que tudo está se dando no seu devido tempo: primeiro, Pedro voltou a acreditar na instituição escola; segundo, voltou a sentir-se feliz; terceiro, acomodou-se à  transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, ao aumento das responsabilidades. 

E agora, finalmente estamos prontos: Pedro e família, para dialogarmos com a escola sobre como lidar com um aluno superdotado que ainda não está pronto emocionalmente para uma aceleração. Sinto que este será um dos fios condutores de 2013. 

E que 2013 venha, porque esta passagem de ano nos encontrará, finalmente, com o coração tranquilo e em festa!


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