Geralmente quando falamos sobre inclusão no âmbito empresarial pensamos na contratação e adaptabilidade das condições de trabalho para os deficientes.
Ações admiráveis e inspiradoras têm sido implementas em nome da responsabilidade social.
Nas grandes empresas as ações assumem maior proporção do que a simples contratação de um funcionário que apresente alguma necessidade especial.
Na CPFL Energia, localizada em Campinas, SP, há o Programa Diversidade, comandado por Deise Fernandes, deficiente visual. O objetivo do programa é promover a inclusão social e promover a diversidade na empresa de forma mais plena que a prevista na Lei de Cotas para Deficientes.
A vale do Rio Doce tem nas suas áreas operacionais pessoas portadoras de deficiência.
Já a Petrobras, além da inclusão no ambiente de trabalho, tem o Proind- Projeto de Inclusão de Pessoa Deficiente no Ambiente de Trabaho, onde jovens com Síndrome de Down trabalham cultivando orquídeas no Centro de Pesquisa da Petrobras (CenPes).
Diante dessas iniciativas fico eu pensando: no âmbito escolar já há o discurso (e, infelizmente, nem sempre a prática) de que os deficientes e os altamente eficientes são portadores de necessidades especiais.
Para garantir os direitos dos deficientes há o respaldo legal, e considero este mais do que necessário, uma conquista sobre a qual não me oponho, muito pelo contrário!
Mas, o que fico pensando é sobre o quanto nossas crianças superdotadas ganhariam se houvesse programas de inclusão para elas também.
Digo isto porque tenho observado o comportamento de Pedro ao conversar com os profissionais das áreas que o interessam. As perguntas são interessadas e as respostas também. Acho que nessa equação ambos saem transformados: a criança e o adulto.
Pedro, do alto dos seus cinco anos, enquanto escavava, no aniversário do Museu Nacional/UFRJ, acompanhado de um paleontólogo conversava coisas do tipo:
"Quanto tempo se leva para achar um fóssil completo de dinossauro?
Há quanto tempo você trabalha como paleontólogo?
Isso não é trabalho, é diversão, você não acha?
Você sempre quis ser paleontólogo? Eu sou desde os três anos!"
E, para um pai desavisado que falou para a filha: "Vai filha, vai ali brincar na caixinha de terra..."
Pedro respondeu:
"Ei, a gente não está brincando, a gente está trabalhando, eu estou treinando porque sou paleontólogo criança e quero ser um paleontólogo adulto que faz tudo bem feito."
No que se refere à superdotação no Rio de Janeiro, o Instituto Lecca tem o projeto Estrela Dalva que dá atividades extracurriculares para as crianças superdotadas de comunidades carentes. No mesmo caminho de inclusão dos economicamente desfavorecidos há o Instituto Rogério Steinberg. Ambos implementam ações de destaque e necessárias.
Mas entendo que ainda é muito pouco, e explico: o que imagino é que a realidade da superdotação precisaria ser incorporada à nossa cultura porque 3% a 5% da população, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) apresentam desempenho acadêmico acima da média. Isso sem contar com as demais inteligências, como a musical, a de liderança, a linguística, entre outras, o que elevaria esse percentual.
Nesse sentido defendo que as políticas de inclusão no setor privado e público estendam-se aos superdotados não só com o objetivo de integração, mas de uma forma mais plena, capaz de alcançar o grupo de superdotados como um todo.
Possibilidades não faltam: open day por parte das empresas, para que as crianças possam vistá-las e matar a curiosidade com quem já trabalha nos ramos de seus interesses; programas especiais; bolsas de iniciação científica; eventos como o da UFRJ, ações especiais dos museus...
O investimento em talentos é bom para as crianças, é bom para as empresas, é bom para a ciência, é bom para o Brasil!
Aproveitando a citação de Bernard Shaw, retirada do Balanço Social da Petrobras, termino o texto, com esse sentimento de mudança de paradigma:
"Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem Por que? Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo Por que não?"
Veja a reportagem completa sobre a inclusão dos portadores de necessidades especiais no Balanço Social da Petros/ 2007
Riquíssimo o seu texto, Paula. Quanta reflexão... Realmente se as empresas abrissem as portas para estas crianças superdotadas, eles interagindo dentro da sua área de interesse. Outro fator é a necessidade desses direitos à inclusão serem garantidos por leis que realmente se façam valer e não o que vem acontecendo: está no papel mas ainda preferem não vê-la.
ResponderExcluirBeijo
Oi Ana! É, acordei com umas caraminholas na cabeça... Delas deve sair pelo menos mais um texto. Bjs!
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