Talvez porque se, por um lado, eu já estava convencida de que a possibilidade de diálogo havia se esgotado; meu marido, por outro, acreditava, bem lá no fundo de seu coração, e eu bem sei disso, que uma escola com discurso moderno, progressista, sustentável, tecnológico e politicamente correto estaria disposta a lidar com o nosso "problema". Para ele era uma questão de se conversar com as pessoas certas.
Com esse pensamento lá foi o maridão para uma reunião que teria dupla função: entender porque Pedro foi excluído do passeio escolar e saber qual a proposta de trabalho da escola para Pedro, uma vez que esta estava na posse do laudo que atestava a superdotação há três semanas e nada havia dito até então.
E o que meu marido ouviu foi mais do mesmo.
Para a escola Pedro é um menino sem limites, que não respeita a professora, um reizinho mandão.
Sobre a necessidade educacional especial alegou que nada há a fazer, a adaptar, a mudar, flexibilizar. Não há como se garantir, então, os direitos legais de um PAH nessa escola. Ainda bem que me poupei de assistir a essa panacéia!
Talvez a escola pense que por ofertar culinária, música, psicomotricidade, tecnologias, literatura, ciências, já dê todas as condições de que Pedro precisa.
Talvez a escola não perceba que esse variado leque de ofertas também é homogeneizante, porque é comum a todos os alunos.
Talvez a escola não tenha percebido que não estamos falando de variedade de atividades; estamos falando de inclusão.
E a inclusão de um PAH requer estudo, muito estudo para entendê-los, porque se todos têm talentos, há uma segunda marca que é: cada caso é um caso.
Talvez se a escola tivesse saído do encastelamento prepotente dos que tudo sabem eu tivesse sugerido a leitura do artigo Características Sócio-Emocionais do Superdotado: Questões Atuais, de Eunice Soriano, bem como do artigo Dificuldades Emocionais e Sociais do Superdotado da mesma autora juntamente com Angela Virgolim.
Após ouvir o mesmo mais uma vez a pontinha de esperança de meu marido se apagou e ontem, finalmente, Pedro foi desmatriculado. Amém!
Bom início para esta nova etapa!
ResponderExcluirJá o fiz por sete vezes e sei que tem mais por vir...
Uma vez recebi um e-mail da profa. Zenita Guenther em que ela me dizia: "temos que mover a pasmaceira oficial a muque". Tem horas que dá vontade de ser literal, não é?
Oi Ana. Sim, é cansativo, a gente tem que lidar com muito estigma. As escolas (e acho que nas particulares isso acontece mais - não sei, só acho) não têm noção do quanto contribuem para que essas crianças se sintam inadequadas naquele contexto. E aí nessa idade do Pedro, dependendo do temperamento da criança ela acaba reagindo com reclamação, tapa, fugas de sala, etc.
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