terça-feira, 7 de junho de 2011

A longa vida escolar de um menino de 5 anos

 2007: Ingresso na 1ª escola
Pedro iniciou a sua vida escolar com 1 ano e meses. 

Foram apenas 6 meses de escola, interrompidos por bronquites, sinusites e rinites. 

Já aqui a psicóloga da escola chamou-me para relatar que Pedro era insubordinado e que não aceitava bem o trato dado pelas cuidadoras. 

Dava-se muito bem com a professora. 

Dois anos após ter saído da escola, quando a encontramos na rua ele perguntou: "Mãe, porque ela me tratava tão bem? Ela era uma boa professora!"

2008: Ingresso na 2ª escola

Pedro foi matriculado numa escola com metologia socioconstrutivista. 

Ficou lá 2 anos. 

Apesar do afeto que sentíamos por todos retiramos porque passamos a achar que estava incontrolável, respondão, achando que não precisava da orientação de ninguém para nada.

A psicóloga nunca nos chamou. Eu é que, no maternal, pedi uma entrevista para falar sobre tapas na escola, mordidas, esses temas de maternal.

Com a professora do Maternal I cheguei a falar sobre a superdotação que supunha que Pedro tivesse. Também falei sobre a SD de meu marido e ela disse: "Seu marido é nerd, é?". Só faltou dizer, que azar que você deu! 

No fim de 2009 recebi um relatório que dizia que Pedro, a partir do 2º semestre passou a não mais respeitar a professora. 
 
Mas aí, as aulas já tinham acabado. Por que não me avisaram antes?

2010: Ingresso na 3ª e na 4ª escola

Pedro Iniciou o ano na 2ª escola, mas após relato de outros pais sobre o comportamento de seus filhos somados ao relatório no apagar das luzes,  decidimos retirá-lo. 

Até aqui não associávamos a inteligência de Pedro aos problemas comportamentais. 

Achávamos que precisava de mais disciplina, matriculando-o em um colégio marista.

O efeito foi reverso: a diminuição de diálogo na escola e aumento da cobrança fez Pedro reagir com violência. 

Enfrentou uma severa situação de bullying. De forma tão inacreditável que estou escrevendo um livro sobre esses 30 dias que abalaram a infância de meu filho.

Por ser impossível continuar no colégio marista após os 30 dias resgatamos nosso filho de lá. 

Ficou quase 2 meses em casa, depressivo.

 Matriculamos ele em um colégio menor. Que atende até o 1º ano. 

O início foi muito difícil mas o final foi emocionante. 

Pedro considera a professora desse período uma amiga maravilhosa. 

Aliás, todos nós somos fãs da educadora que mais conheceu nosso filho até hoje.

Com essa escola pude conversar abertamente sobre a superdotação. Fui muitas vezes até lá.

Com a mudança de ano, nova professora. Os problemas começaram a aparecer: Pedro só reclamava, dizia que ela era mandona. 

Por fim a escola disse que Pedro não estava feliz lá e que ser o que ele precisa implicaria em mudar a própria metolodologia da escola, que é sócio-construtuvista! Disse que do jardim 2 para 3 a escola vai se transformado em tradicional e que Pedro não se adaptaria.

Tenho que ser justa com esta escola. Lá pude falar sobre a superdotação de uma maneira mais livre. Sem dúvida foi a escola que esteve mais aberta ao tema.

2011: Retorno para o 2º colégio

Após a informação de que Pedro estava infeliz (ou de que ele estava sendo convidado a sair, como quiserem interpretar), nós o rematriculamos naquela que foi a sua segunda escola. 

O motivo dessa escolha formam muitos: Pedro pedia para voltar, já estávamos mais a par da superdotação e imaginávamos que precisava de mais estímulos mentais, o que há nessa escola.

E é lá que ele está hoje. Mas não está bem.

Ele diz que a escola não é mais a mesma.

A escola diz que ele está deprimido porque reclama da aula e da professora.

Ele diz que detesta a professora.

A escola diz que a professora é um doce.

Mas a questão é muito maior que isso.

Informei à escola que estávamos avaliando a superdotação.

A escola sugeriu que seria melhor procurar um psiquiatra e um neurologista, e, indo além, a profissional que me atendia recomendou que eu procurasse um analista para mim. 

Pais, diante disto, têm que exercitar alteridade e muita calma.

Alteridade porque pode ser uma falha de formação profissional da pessoa que nos está atendendo e cuidando de nossos filhos, ou pode ser a contingencia de ter que obedecer uma orientação superior para manter o emprego, o salário, a fonte de sustento (o que é muito grave considerando moral e ética, mas é a realidade).

Calma porque o serviço de ensino oferecido pela iniciativa privada não é inspecionado por nenhuma esfera de governo. É uma situação de total "laisser faire".  Não há a quem recorrer, e via que resta, a judicial, é vagarosa enquanto crianças se desenvolvem rapidamente.

Sugeriu ainda que, como Pedro se recusava a entrar na sala, que eu deixasse de levá-lo e pegá-lo, colocando-o na transporte escolar.

De tudo isto o que fiz foi a última coisa.

Depois de quatro encontros já sabia o que a escola tinha feito com os superdotados que por lá passaram: dois foram para tratamento psicológico, um para ser menos tímido, outro para ser menos agressivo e o terceiro mudou de escola. 

Está no São Bento. Rezo por ele depois das últimas notícias

Aliás, fatos que não são novidades para quem é carioca.

No último encontro a escola mostrou-se disposta a fazer uma parceria. 

Propôs que eu leve Pedro a um neurologista, que eu leia o livro novo da Tânia Zaguri e que a psicóloga ensine Pedro a ter limites.
E você deve estar se perguntando: mas e a superdotação?  O que a escola fará quanto a isto?
Por enquanto ainda não me foi apresentada nenhuma proposta para Pedro. 
O que parece é que a escola ainda não se comprometeu com a questão central, que é a superdotação. E enquanto isto não for feito, a escola para ele continuará sendo algo muito ruim.

Parece confuso? Mas este é o resultado, talvez, da nossa falta de informação. Até mesmo das garantias legais destinadas a essas crianças.

Depois de cinco anos, somente agora, vamos começar a tomar providências para que os direitos de Pedro sejam respeitados.

Parte 2

http://www.fnl.org.br/?p=1208&language=pt

7 comentários:

  1. Legal você compartilhar a trajetória escolar do Pedro. Tomara que tudo se resolva para que ele fique bem e feliz na escola! Meus filhos também mudaram várias vezes de escola. Beijo

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  2. Hoje levaremos o relatório à escola. Darei notícias.

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  3. Seu filho tá em q série agora? Ele tem 5 anos né?
    Graças a Deus minha filha deu sorte com a escola, qt mais ouço falar de escolas grandes e pomposas, mas fico feliz por ter optado no momento de ter colocado minha filha em uma escola humilde, mas onde o ensino é super forte, as professoras compreendem os alunos e a diretora conhece todos os alunos pelo nome.
    Minha filha ainda n foi diagnosticada com SD, pois tem apenas 2 anos e 8 meses, mas a escola já percebeu, principalmente a professora, q ela tem uma inteligência acima da média e a permitiu cursar o jardim esse ano, mesmo tendo alunos da mesma idade q ela cursando o maternal. Espero q vc tenha a sorte de um dia encontrar uma escola q compreenda seu filho, e espero q isso seja logo.

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  4. Oi N@nd@. Ele está no Pré II (Antigo Jardim 3). E, realmente a escola dele não é pequena. Você me fez refletir, sabia?

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  5. é... eu sempre tive a mentalidade de q educação infantil n precisa ser feito em colégios grandes, já q o principal é a adaptação e a sociabilidade. Sem contar q em colégios pequenos, as professoras geralmente dão mais atenção as crianças, claro q isso n é regra. Eu estudei do jardim ao ensino fundamental todo em um colégio pequeno e sempre me senti muito acolhida e nem um pouco desprovida de ensino, pelo contrário, qd fui pra um colégio grande no ensino médio, achei o colégio super fraco e com professores super despreparados.
    Gosto do clima hospitaleiro do colégio de Júlia. Tem vários colégios grandes perto da minha casa, mas esse é mais perto. E Jú sempre encontra os coleguinhas na rua, no mercado, na farmácia, e ela adora isso... acho q ela n teria isso nos colégios mais afastados.

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  6. Oi Paula! Cheguei ao seu blog através da comunidade de Pais de Superdotados do Orkut. Legal você compartilhar a trajetória escolar do Pedro. Fiquei triste pelo tanto de dificuldades que ele, tão pequeno, já passou. Acho que tive muita sorte com o Italo que estuda em escola municipal desde os 4 anos. Como minha filha mais velha já havia estudado lá eu conhecia a Equipe e quando ele começou a frequentar a escola eles já sabiam da probabilidade dele ser PAH. Ano passado consegui fazer o diagnóstico dele na própria rede municipal e este ano ele foi acelerado para o 3º ano do Fundamental.

    Vou acompanhar suas histórias a partir de agora e estou te linkando no meu blog. :)

    http://maeyz.blogspot.com

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  7. Oi Viviane.
    Obrigada pelas palavras. AS experiÊncias com essas crianças são tão variadas que merecem ser narradas para desmistificar a idéia de que é tudo fácil. É o que eu acho.
    Tô indo te visitar agora no seu blog. Até já!

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