Se sonhar não custa nada, o meu sonho do momento é a novela das 8.
É isso mesmo!
Faz tempo que deixei de ser noveleira. E noveleira, para mim, é aquela pessoa que pára o que está fazendo para assistir à novela.
Mas isso não significa que eu não saiba quais são os dramas e felicidades que estão acometendo as vidas dos personagens principais da novela das 8: basta ler o jornal, ir à manicure, entrar na primeira página de algum portal na internet que lá está a informação de bandeja.
Quem é que não sabe que, em Viver a Vida, de Manoel Carlos, Luciana tranformou-se em cadeirante depois de um acidente?
Quem não sabe que Mel era dependente química em O Clone de Glória Perez?
Quem não se lembra de Odaísa, mãe de criança desaparecida, na novela Explode Coração, também de Glória,?
Acho que a maioria de nós, mesmo que não se recorde de detalhes, como o nome dos personagens, sabe que esses temas foram abordados em alguma novela.
Eu mesma, se escrevo no blog, é porque tento fazer como o passarinho que tentou apagar o incêndio da floresta: faço a minha parte compartilhando a minha história e as minhas descobertas; e faço isso da melhor forma que me é possível, da forma que me permite dormir com a consciência-cidadã mais tranquila.
Mas o que é um blog diante de uma novela das 8? Que tramas os mestres da cultura pop não imaginariam para o tema?
Eu mesma já imaginei um pequeno enredo:
Um menino pobre, superdotado, identificado em um escola pública, com um comportamento mais sociável e que só conquista sucessos escolares, é beneficiado por programas do governo, como institutos de capacitação, bolsas de iniciação científica, oficinas... A família do menino, inicialmente, tem dificuldade em reconhecer suas competências...
Uma menina rica, SD, estudante de escolas pagas e caras que não conseguem ver a SD por trás de seu mau comportamento. Pode haver um diagnóstico errado de TDAH, por exemplo.
Os dois se encontram na infância, sem querer: ele está num passeio escolar e ela é acompanhada pelos pelos avós (que são mais receptivos que os pais), em algum evento de interesse comum (uma feira científica, por exemplo).
Depois de idas e vindas os dois, já adultos, acabam se apaixonando...
São tantas as possibilidades... E essa é só uma delas. Imagine o que os autores fariam com o tema? Claro que seria necessária uma consultoria com os especialistas, para que não se caísse no erro comum de se achar que a questão da superdotação resume-se aos prodígios. Isso seria manter-se no lugar comum e não desmistificar o tema.
O universo da superdotação é rico e, se por um lado, há traços que aproximam essas crianças, há outros que os diferem radicalmente (um exemplo são as crianças introvertidas x as extrovertidas). Algumas dessas histórias podem ser lidas em blogs como o Mãe de Criança Cientista, como O Curioso Caso de Rafael Valmont, e o Adultos com Altas Habilidades, isto sem falar dos que citam algumas experiências pessoais de forma transversal aos temas principais de seus blogs.
Aliás, sempre que tenho a chance, incentivo outros pais a escreverem. Eu mesma penso em abrir aqui no blog uma coluna para pais que queiram escrever algum artigo mas que não tenham ânimo de criar um blog e mantê-lo ativo.
Acredito que a veiculação do tema pela mídia de massa realmente contribuiria para uma mudança do olhar sobre a superdotação de forma mais generalizada. E isso faria toda a diferença positiva a favor de uma inclusão de nossos filhos na sociedade de forma cada vez mais tranquila.
Realmente sonhar não custa nada...
E, como quem não arrisca não petisca, estou enviando o link deste post para a Rede Globo.
Agora!