terça-feira, 2 de agosto de 2011

Escola Pública ou Particular?

Para quem chegou no blog recentemente e, principalmente, para quem não tem vivido alguma experiência escolar com crianças PAH, o post de ontem- Dicas para pais de PAH, pode ser meio assustador. Também pode levar o leitor a pensar que fiz apologia à escola pública ou que me posicionei contra a escola particular.

Nada disso!

Longe de mim entrar no debate sobre a vantagem de uma escolha sobre a outra, até porque nós, pais de crianças em idade escolar, já sabemos quais são as vantagens (e desvantagens) de uma e da outra.

O foco do post, na verdade é o de demonstrar um ponto que desconhecia até bem pouco tempo e que coloca a escola pública em vantagem sobre a média das escolas particulares na proporção lebre para tartaruga: a prontidão para a inclusão.

Li em algum lugar uma frase que ficou na minha cabeça: a inclusão é uma questão de diretos humanos. Creio que este é o primeiro entendimento que precisamos ter: deficientes auditivos e visuais, cadeirantes, disléxicos, portadores de síndrome de down, entre outros, todos têm direito à inclusão na sociedade, e essa inclusão passa também pela escola, pela sua adaptação às necessidades educacionais especiais desses alunos.

O segundo ponto importante é: o superdotado faz parte do grupo acima, ou seja, também ele tem necessidade educacional especial. E por mais difícil que seja enxergar como um não-deficiente está neste grupo, acreditem, é verdade! Tratamos dessa questão no post "Por que os superdotados têm direito à Educação Especial?"  e o que justifica a inclusão é uma série de características dos PAH. Para os superdotados a inclusão se daria através do enriquecimento curricular, do agrupamento com crianças de outras idades e da aceleração de série.

A conclusão, então, é que respeitar a necessidade especial do PAH também é uma questão de direitos humanos!

Mas, porque digo que a escola pública é mais inclusiva, ou pelo menos me parece ser mais inclusiva que a escolas por onde andei?

1º- Porque para a escola pública não há escolha: ela tem a obrigação legal de acolher a todos os matriculados;

2º- Porque ela tem que observar as políticas públicas para a educação especial ( e o Brasil adotou a política pública da inclusão)



3º- Porque há capacitação dos professores sobre o tema, já que a previsão é de que eles identifiquem as crianças e enviem para uma avaliação (sei que a realidade ainda não é esta em muitos municípios, mas há a previsão legal, é preciso que se cobre);

4º- Porque há os Núcleos de Atendimento de Alta Habilidade e Superdotação (NAAHS), responsáveis pelo acompanhamento e capacitação na rede pública.

Na prática, enquanto nas escolas por onde andei nos olharam com ceticismo quando tentei vincular o comportamento de Pedro (também e não somente) à superdotação, algo que é o be-a-bá do tema para qualquer um que já se aprofundou um pouquinho só nele, vi algo diferente e novo na escola pública que visitei em Niterói.

Fui até lá numa manhã de quarta-feira para a primeira reunião do NAAHS/RJ em 2011. Lá estavam mães de crianças que estudam na rede pública e que foram indicadas pelos seus professores para participarem da sala de recursos, onde acontecem atividades de suplementação curricular (através de oficinas) para as crianças PAH que, depois de indicadas, foram avaliadas pelo núcleo e reconhecidas como tal.

O objetivo da reunião era o de capacitar os pais sobre o tema superdotação, além de esclarecer sobre o método de trabalho com essas crianças. A reunião é aberta a todos os interessados e valeu muito ter ido. Lá vi o inverso do que vivi na escola particular, lá era a escola que se esforçava para que os pais e responsáveis entendessem que seus pimpolhos eram PAH, quais são os seus direitos, comportamento, etc.

Foi muito boa a experiência e sempre que puder irei até lá. 

Quando tive a oportunidade de falar disse para aquelas mães que aproveitassem a chance de estar em uma escola que sabe lidar com a superdotação de seus filhos, porque lá fora, a vida escolar nem sempre é assim!

5 comentários:

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  2. Paula,

    Boa Tarde !

    Pois eu, enquanto mãe de duas crianças superdotadas que estudam na rede particular de ensino tenho uma experiência muito positiva para contar sobre a inclusão de meus filhos, em sua escola. A escola não só identificou as habilidades de meus filhos, como nos orientou aonde fazer a avaliação deles e sugeriu a aceleração de série deles. Também acompanhou todo o processo de aceleração deles e continua com a inclusão deles, diariamente. Me sinto muito grata pela escola lhes dar esta oportunidade e se mostrar tão prestativa com eles e conosco. Em momento algum, eles discordam das habilidades e sempre procuram estar informados como podem fazer para ajudar as demais crianças em suas necessidades.

    Na comunidade do Orkut da qual sou moderadora, Pais de Superdotado e, no meu blog : maedecriancassuperdotadas.blogspot.com, também tenho ouvido experiências muito boas e positivas em relação à superdotação dentro da rede particular de ensino.


    Por outro lado, não é o mesmo que tenho notado, na rede pública de ensino, vejamos um exemplo disto, no comentário que recebi hoje, no meu blog, de uma mãe que tem o filho, na rede pública de ensino e as suas dificuldades :

    "BOM, VONTADE NÓS TEMOS DE "GRITAR" PARA TODOS OUVIREM, MAS QUANDO FIZEMOS OS TESTES DE SUPORDOTAÇÃO OS PROFISSIONAIS PEDIRAM QUE NEM PRA NOSSA FILHA FOSSE DITO. E QUE PULAR ETAPAS NAS ESCOLAS É MUITO COMPLICADO, POR NÃO TERMOS PROFISSIONAIS NA ÁREA DA EDUCAÇÃO CAPACITADOS PARA ESSAS CRIANÇAS. A ESCOLA EM GERAL SABE DAR MUITO BEM COM A CRIANÇA COM DEFICIT DE ATENÇÃO, POIS É MUITO DIFÍCIL DE ACEITAREM CRIANÇAS QUE SABE MUITO MAIS QUE O PROFESSOR. A NOSSA FILHA SÓ NÃO CHEGOU AO GRAU DE GÊNIO DEVIDO A UMA FALHA QUE ELA TEM NO CÉREBRO. NÃO TEMOS CONDIÇÕES DE PAGAR ESCOLA PARTICULAR, ELA ESTUDA EM ESCOLA PÚBLICA. AS ESCOLAS PARTICULARES DA REGIÃO NÃO DÃO BOLSA DE ESTUDO E NEM QUEREM SABER DO LAUDO. ELA VAI PRO 6º ANO E VÁRIOS PROGRAMAS DE AJUDA, SÓ DISPONIBILIZAM VAGAS PARA QUEM GANHA ATÉ 2 SALÁRIOS MÍNIMOS. NÃO SABEMOS O QUE FAZER".


    O moral desta difícil história é que não há escola melhor ou pior, no Brasil, para lidar com as crianças superdotadas. O que existe é a escola que reconhece as necessidades especiais de nossos filhos e se propõe a trabalhar com elas. Isto, eu tenho visto, na minha experiência profissional acontecer tanto nas escolas públicas quanto nas particulares. Os dois lados, de uma mesma moeda ....

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  3. Cláudia,

    Este é um blog que relata vivências e a experiência que tive foi positiva e foi relatada.

    Considero você uma das pessoas mais sortudas do mundo por ter encontrado uma escola tão boa. Mas reafirmo, aqui vou relatar a MINHA experiência e de MINHA família, portanto, mostrarei a nossa vida como ela é.

    Veja bem, fiz no texto referência às escolas pelas quais Pedro passou, acho que isso foi dito claramente. Aliás, começo o texto prevenindo os mais afoitos de que não estou fazendo apologia, muito pelo contrário. Falo de minha experiência.

    Já sobre a comunidade do Alex e sua e da qual participo, ninguém melhor do que você para dizer que há relatos positivos, e há, mas há as mães que chegam ao grupo desnorteadas e perdidas.

    Também eu tenho tido contato com pais de SD, não só através da web, e os relatos são bem variados mas, talvez, por uma infeliz coincidência do destino, os casos mais problemáticos estão na rede particular. Há situações variadas, como o colégio que lava as mãos, o colégio que acelera o aluno e depois muda de idéia, o colégio que convida a criança a se retirar...

    E, como este não é um blog para divulgação profissional, o que o deixa mais livre, este é um espaço através do qual experiências pessoais são relatadas: aqui tudo é possível, tudo aqui cabe, e a verdade daquele dia foi que naquela escola vi uma situação favorável à superdotação, o que não significa eu que tenha desistido da escola particular. Pedro mesmo será rematriculado em uma, afinal de contas, a esperança é a última que morre!

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  4. Em tempo: as pessoas que mais contribuíram para o entendimento dessa questão pela nossa família foram as que nos revelaram as suas histórias passando pelos detalhes mais comoventes, pelos mais difíceis, pelos que não são cor de rosa... Só com esse tipo de alteridade é que contribuimos para quebrar mitos.

    É por isso escrevo, é por isso que compartilho, é por isso que exponho minhas vivências.

    Aproveito esse momento, em que quase 5.000 acessos foram feitos a este blog, em apenas 2 meses de existência, para agradecer do fundo do meu coração aos que dividiram suas histórias comigo e aos que lêem este blog!

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  5. Tenho um filho que a escola já me disse que ele é uma criança superdotada que eu deveria leva-lo para fazer um teste de QI, mas não me orientaram como fazer. Como saber se o meu filho realmente é superdotado e o que fazer para investir na educação dele, pois ele é diferente de todas as crianças que o cercam. Me ajudem pois já não sei como lidar com a situação, muitas das vezes perco a paciência ele questiona sobre tudo e maioria das vezes eu não sei a resposta, até as professoras dele vivem tirando as duvidas dele pela internete. Ele vai fazer 9 anos agora dia 08 de julho, ele é ótimo em todas as matérias e domina muito bem o inglês, informática e é apaixonado com matemática e gosta muito de ler. Tenho que fazer algo pelo meu filho me ajudem. Não sei lidar com a situação mas quero fazer o possível pelo meu filho ele fala que vai ser cientista desde os seis anos de idade tudo dele é de inventar e criar coisas, tenho medo dele ser desmotivado pela escola por não acompanhar e não estimular o desenvolvimento dele. O que eu devo fazer pois moro em uma cidade do interior de Minas Gerais sem muito acesso a educação e a informação, mas tenho condições de investir na educação do meu filho.

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