Por esses dias assisti à narrativa de uma mocinha, professora, que declarava a sua dificuldade diante dos textos.
Em especial os em verso, em especial, os que apareciam em provas de concurso.
A moça narrava, de forma até engraçada, o estado de pânico que a acometeu diante de uma poesia de Rubem Alves em uma prova de concurso público. E, se o autor costuma despertar estados de contemplação, paz interior, admiração e inquietação; na mocinha em questão despertou a constatação de que não sabe interpretar.
Esta semana, algumas leituras sobre educação ficaram pairando em minha mente. Começo por Gustavo Ioschpe.
Sei que há quem não o leia por ser um economista que se atreve a escrever sobre educação mas em "Você acha que as escolas particulares brasileiras são boas?" o autor levanta questionamentos importantes. Primeiro demonstra que, mesmo ele, que estudou em escolas particulares de ponta, percebeu-se aquém dos indianos, chineses e russos ao estudar no exterior. Depois, mostra que o desempenho da escola particular não é bem lá essas coisas e que o não pensar a educação como um todo e para todos e o se contentar com a frase morta "mas na escola pública média é bem pior" não resolve a questão: não resolve a questão dos estudantes brasileiros, estejam eles em escolas pagas ou não pagas.
A frase "educação pública gratuita e de qualidade" já virou quase um bordão e o autor nem chega a defendê-la, também não defende a privatização do ensino já que vê vantagens do sistema misto adotado pelo Brasil.
O que chama a atenção no texto são as atitudes individuais que sugere: os pais precisam "participar mais da educação dos filhos e se preocupar mais com o aprendizado em termos absolutos e menos com a vantagem das escolas deles em relação à escola de seus amigos(...)"
Outro artigo, lido também na Veja, é o de Lya Luft que aborda a confusão entre o aprender brincando e a falha que os adultos cometem ao não ensinar claramente para as crianças que é preciso esforço, persistência, transpiração e uma certa dose de resistência à frustração para que se viva a vida como ela é.
Daí, a autora salta para a questão do analfabetismo funcional: "grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito.". Essa reflexão de Lya traz para cá o início deste texto, a professorinha que declara a sua incompetência diante de Rubem Alves e me faz pensar sobre a parte de esforço que cabe a nós, pais, para que a educação seja um acumulado de "coisas" que venham a fazer sentido para a vida de nossas crianças ( e futuros adultos).
Este tipo de leitura-alerta sempre me faz relembrar: o dever de casa dos pais (também) é diário!
Os artigos de estão na Veja desta semana, nº2234.
Outros artigos de Lya Luft e Gustavo Ioschpe estão no site da revista.
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